Pansexualidade – tudo serve para satisfazer o desejo de sexo
Psic. Oswaldo Martins Rodrigues Junior
(CRP 06/20610) Cv lattes http://lattes.cnpq.br/8822346727658552 ; psicoterapeuta sexual do Instituto Paulista de Sexualidade (www.inpasex.com.br)
O termo pansexualidade ou pansexualismo tenta separar-se do conceito de bissexualidade, no qual uma pessoa se sente4 atraída por ambos os sexos/gêneros.
A questão pansexual implica em não se incomodar com o g6enero ou as formas de expressões sociais da pessoa para gerar desejo por sexo ou amor romântico.
Nossa cultura tende a ver os conceitos em termos de extremos sem variações intermediárias. No caso sexual, heterossexuais e homossexuais apenas consideram estes dois extremos, considerando que quem não é homossexual é que “não saiu do armário”. Esta consideração existe em especial com relação aos bissexuais.
No caso de pansexuais teremos pessoas que observam a variedade de expressões fluidas entre os extremos do gênero masculino e do feminino, busca e se sente anteriormente potencialmente atraído por pessoas que tenham variações genitais ou corporais que não são extremadas como macho ou fêmea, ou convivem com a atração sexual por expressões sociais geralmente associadas nos extremos a homens e mulheres. O pansexual compreende a possibilidade de variação e fluidez dos papéis de gênero e outras formas sexuais.
O pansexual, homem ou mulher, estão disponíveis para homens, mulheres, transexuais (pré ou pós operados), interesexuados, assexuados, agenéricos, dragqueens ou dragkings.
A pessoa que se considera pansexual o faz de acordo com o que percebe de si mesma, considerando o potencial de atração que sente e tem. Não necessariamente tenha que ter tido variadas experiências sexuais, nem experimentado de tudo, e geralmente não o fará nem o tempo todo, nem talvez por muitos anos.
O começo do século XX trouxe a busca de nomear as formas diferentes de expressões da sexualidade, mas a partir da metade do séc XX grupos praticantes buscaram nomenclaturas que os definissem desde o que sentiam e não uma nomenclatura estatística ou formal. Esta forma das pessoas se explicarem independe das classificações científicas e externas.
Uma importante separação e distinção há de ser feita. Pansexualidade não é um novo gênero. Nem homossexual e nem mesmo transexual não são considerados “gêneros”. A partir da teoria sociológica somente existem dois gêneros: masculino e feminino. As discussões atuais buscam a compreensão de variações intermediárias que são os transexuais ou transgênero (termo criado por Eli Coleman na década de 1990). Ser homossexual, bissexual, assexual ou pansexual implica em preferência sexual, busca por um objeto (gramaticalmente referindo) que satisfaça o desejo sexual.
Uma pesquisa sobre quantos pansexuais existem não é fácil de empreender. As pessoas que se consideram pansexuais não o são pela maioria das outras pessoas que desconsideram essa classificação.
A expressão pansexual ainda é pequena e pouco ocorre, seja em jovens, seja em adultos. A maior parte das pessoas que se compreendem pansexuais já tem de 3 a 4 décadas de vida, pois implicou em desenvolver qualidades de formas de compreensão e administração das interfaces sociais relacionadas a assertividade, expressividade emocional e convívio com barreiras sociais, sem se prejudicarem, sem serem objeto de preconceito do grupo no qual vivem.
Pansexuais não são compreendidos pelas pessoas que não partilham dos mesmos desejos. O diferente sempre é mais difícil de compreender. Isto se deve aos mecanismos cognitivos que o atual estágio de evolução psicossocial permite produzir. A vida sexual pertence à esfera da vida privada, portanto pouco suscetível e mudanças por métodos pedagógicos, não sendo mutáveis por informação. Assim a evolução cognitiva nestes campos é mantida em fases anteriores do desenvolvimento, significando que a maioria das pessoas será incapaz de compreender algo de modo abstrato, apegando-se a contextos concretos e utilizando mecanismos cognitivos infantis, a exemplo de compreensão dos conceitos e da realidade através dos extremos, sem percepções intermediárias.
Um exemplo que se pode ver na televisão é o extraterrestre do filme de animação adulto “American Dad”, de nome Roger, que se identifica como pansexual e demonstra comportamento errático de atração sexual.
Ser pansexual não significa ter problemas psicológicos.
Não será a preferência sexual objetal que define as características de personalidade. Uma pessoa que se designe pansexual pode ou não ter relacionamentos prolongados, dependendo de muitos outros fatores, inclusive o de sucesso anterior em relacionamentos afetivos e sexuais satisfatórios que promova um relacionamento prolongado.
Alguns autodenominados pansexuais explicam-se de atitude e preferencias fluidas a ponto de não se fixarem num único relacionamento. Outros demonstram a necessidade de fixarem um relacionamento e desenvolverem outros em paralelo para se identificarem como pansexuais.
Não é comum recebermos pessoas que se denominam pansexuais para tratamento psicológico. Ser pansexual não implica em ser necessário submeter-se a um tratamento psicológico. O que pode mais facilmente ocorrer seria uma pessoa pansexual buscar tratamento psicológico para adaptar-se socialmente ou num casamento, buscando adequar-se ou equilibrar-se no meio social em que vivem.
Variações do tema pansexual devem ser o futuro, compreendendo todas as variações que sempre existiram, quer compreendamos ou não, aceitemos ou não. A expressão social das variações depende de como determinado momento social e histórico faz bom uso de determinada expressão sexual.
Mesmo quando não existia um nome para designar a homossexualidade (nome criado em 1867), havia homossexuais ou bissexuais e em muitos momentos e culturas considerados normais...
Hoje falamos de pansexuais... mas eles sempre estiveram entre nós. Nós precisamos compreender e aprender a conviver, o que implicam em mudarmos nossos valores atuais.
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